ELIAS RICARDO SANDE

ELIAS RICARDO SANDE
PSICOLOGO SOCIAL E DAS ORGANIZACOES

terça-feira, 26 de abril de 2011

Processos Cognitivos: Imaginação e Pensamento


 
PROCESSOS COGNITIVOS: IMAGINAÇÃO E PENSAMENTO
INTRODUÇÃO À PSICOLOGIA

AUTOR: ELIAS RICARDO SANDE

UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
UEM-MAPUTO: MOÇAMBIQUE
2011
O ignorante afirma,
o sábio duvida,
 o sensato reflecte.
Pois, a inteligência é a insolência educada
e a dúvida é o princípio da sabedoria.
O sábio nunca diz tudo o que pensa,
 mas pensa sempre tudo o que diz.
(In Aristóteles)


1.     INTRODUÇÃO

Desde sempre os processos cognitivos e em particular o pensamento e imaginação foi um campo que interessou muitos investigadores. Já nos anos remotos, Aristóteles, Pascal e Descartes defendiam que o pensamento é a essência humana, o diferencial em relação a natureza e a qualidade primária que dignifica e diferencia a espécie humana com outros animais. Esse pensamento tinha os seus princípios na imaginação, que as crianças constroem à medida que vão passando por fase de desenvolvimento. A imaginação seria construida solidamente através do jogos, essa tese é defendida pelos cognitivista, dentre os quais: Piaget e Vigotsky. Esses autores atribuem uma mair importância aos jogos infantis no desenvolviemnto da imaginação, nesse sentido, há uma profunda relação entre imaginação e opensamento.
Aliás, não só a imaginação que está interligada ao pensamento, mas também a linguagem, a parendizagem, a emoção, a percepção, a inteligência e outros processs cognitivos, para além de afirmar que de alguma forma, todos os processo cognitivos estão em interdependência, quer forte ou fraca. São várias as teorias que debruçam-se do tema, daí que apresentar-se-à apenas as ideias básicas de alguas teorias.
O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de Introdução à Psicologia tem como tema Processos Cognitivos: Imaginação e Pensamento. Visando a análise e a relação dos vários processos cognitivos, bem como a sua importância na vida dos indivíduos. O trabalho tem como foco o pensamento e a imaginação enquanto dois processos psicológicos e interligados. Essa pesquisa apresenta a seguinte estrutura: a presente Introdução; Definição de Conceitos-chave; Pensamento Segundo Piaget e Vigotsky; Pensamento segundo Gestalt; Imaginação; Tipos de imaginação; Importância de Jogos no Desenvolvimento da Imaginação; Relação do Pensamento com outros Processos Cognitivos; e a Discussão-reflexiva do tema culminando com uma breve conclusão.


1.1.         Revisão da Literatura
A Psicologia é a ciência que estudo o comportamento e os processos cognitivos. A cognição significa a aquisição de um conhecimento através da percepção. É o conjunto dos processos mentais usados no pensamento, na percepção, na classificação, reconhecimento e compreensão para o julgamento. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que cognição é a forma como o cérebro percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos. Ou seja, o acto ou processo de conhecer. O homem é exactamente aquilo que criou para si mesmo. Cada um de nós tem, vive e pensa conforme as atitudes mentais edificadas no passado. É na cognição onde se encontra vários processos psicológicos, dos quais: memória, aprendizagem, imaginação, pensamento, inteligência, atenção (Nascimento, 2009).


1.2.         Justificativa
Esse estudo apresenta diferentes definições acerca da imaginação, linguagem e do pensamento. Ao abordar a linguagem pretende-se evidenciar a profunda relação que esta tem com o pensamento. Porém, sabe-se que a imaginação é um elemento essencial para as crianças na medida em que determina a forma como esta vai pensar na vida adulta. Desse modo, há uma bipolaridade entre imaginação e pensamento, e entre pensamento e linguagem. O tema torna-se importante na medida em que visa compreender o desenvolvimento imaginação e pensamento, bem como a sua relação com a linguagem. E, tratando-se de estudante da área do comportamento, deve-se estudar como é que esses comportamentos são influenciados pelos processos cognitivos e, é de fundamental relevância estudar o tema para construir um conhecimento sólido que vise subsidiar a educação e a intervenção dos problemas do dia-a-dia.

1.3.         Formulação do Problema
O homem não é apenas um ser natural, também é um ser pensante, capaz de imaginar e abstrair ideias e compreender a sua observação ou experiência. Por essa razão, ele é superior a toda natureza. Se ele pudesse permanecer apenas no plano físico, imanente, sem a possibilidade do pensamento, seria a criatura mais medíocre dentre todas as naturais. Mas por sua essência pensante, se faz a mais sublime e especial. Pela razão o homem se põe em uma condição superior ao universo, pois pela força natural de sua inteligência, ele pode ter uma noção do universo que nenhuma outra criatura pode se igualar. Essa é a característica principal da natureza homem. Assim sendo, "Qual é o impacto da imaginação na consolidação do pensamento de um indivíduo"?

1.4.         Determinação de Objectivos
1.4.1. Objectivo Geral
  • Compreender a construção e a importância do pensamento e da imaginação para o desenvolvimento psicológico do ser humano.
1.4.2.Objectivos Específicos
  • Descrever as teorias psicológicas do pensamento e da imaginação;
  • Analisar caracterizando o desenvolvimento do pensamento e da imaginação;
  • Identificar a relação entre o pensamento e a imaginação com outros processos cognitivos.

1.5.         Metodologia
Devido a natureza da pesquisa, os dados foram analisados de uma forma qualitativa e, consequentemente, trata-se de uma pesquisa qualitativa. Para a efectivação dessa pesquisa, recorreu-se a revisão bibliográfica. Como fontes, de acordo com o critério de origem de dados e informações, destacam-se: consultas bibliográficas em livros e artigos científicos; consultas de websites e informações disponíveis na internet.


2.     REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.         Definição de Conceitos-chave
A psicologia é a ciência que estuda o comportamento humano os processos cognitivos (sentimentos, pensamentos, rimaginação, linguagem, emoção, aprendizagem, etc.). Desse modo, processo cognitivo segundo Nascimento (2009), é a realização das funções estruturais de representação (pensar e imaginar) aquilo que concebemos do mundo. Constitui na execução em conjunto das unidades do saber da consciência, que foram baseados nos reflexos sensoriais, representações, pensamentos, imaginações e lembranças. De acordo com Ariel, 1996), pensamento é capacidade de compreender, formar e organizar conceitos, representando-os na mente. Essa capacidade pode se baear na lógica e no raciocínio formal ou natural; na formação de conceitos; e na resolução de problemas. A  imaginação é a capacidade mental de representar imagens. Capacidade de evocar imagens de objectos anteriormente percebidos. A imaginação pode ser entendida como o elo de ligação entre o consciente e o subconsciente (Clark, 2000).
 
2.2.         Conceito de Pensamento segundo Cognitivismo: Piaget e Vigotsky

O pensamento para Piaget citado por Nascimento (2009) é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Os indivíduos desenvolvem o pensamento a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. O pensamento humano pode ser exercitado, buscando um aperfeiçoamento, que evolui desde o nível mais primitivo da existência. O pensamento se desenvolve em níveis, ou seja, em idade, a elaboração do pensamento surge de um processo interno, através do processo de assimilação, acomodação e equilibração. Piaget focaliza o processo interno dessa construção.

O pensamento se caracteriza por operar mediante conceitos e raciocínios, o pensar sempre responde a uma motivação, que pode estar originada no ambiente natural, social, cultural ou no sujeito pensante. O pensar é uma resolução de problemas.  Segundo Piaget citado por Ariel (1996), pode-se afirmar que o pensamento e a linguagem têm raízes genéticas diferentes; o pensamento aparece antes da linguagem, e que a linguagem é apenas uma das suas formas de expressão; as duas funções (pensamento e linguagem) desenvolvem-se segundo trajetórias diferentes e independentes; e a formação do pensamento depende basicamente da coordenação dos esquemas sensoriomotores e não da linguagem.

Por outro lado, Vigotsky citado pro Machado (2009), defende que pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores. A linguagem dá forma e define o pensamento, possibilitando o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planeamento da acção. Vygotsky observa que o pensamento da criança inicialmente evolui sem a linguagem; assim como os seus primeiros balbucios são uma forma de comunicação sem pensamento.

Entretanto, já nos primeiros meses, na fase pré-intelectual, a função social da linguagem já é aparente, a criança tenta atrair a atenção do adulto por meio de sons variados.  Até por volta dos dois anos, a criança possui um pensamento pré-linguístico e uma linguagem pré-intelectual, mas a partir daí, eles se encontram e se unem, iniciando um novo tipo de organização do pensamento e da linguagem. Nesse momento, surge o pensamento verbal e a linguagem racional. Assim, segundo Vygotsky citado por Gomma (1998), o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sócio-cultural da criança.


2.3.         Conceito de Pensamento segundo Gestaltismo
A percepção é o pensamento que temos dos objectos ou dos movimentos por contacto directo e actual. Segundo Wertheimer, as estruturas do pensamento pré-existem no todo ou em parte, desde o primeiro momento, sob a forma de organizações comuns à percepção.
Hering afirma que a intervenção do pensamento em nada modificava uma percepção, ou seja,  experimentamos a mesma ilusão de óptica mesmo depois de conhecer os dados percebidos (Nascimento, 2009).


2.4.         Imaginação

A imaginação e pensamento caminham em paralelo. Vigotsky citado por Clark (2000),  afirma que a imaginação é a  base de toda actividade criadora, se manifesta igualmente em todos os aspectos da vida cultural, possibilitando a criação artística, científica e técnica.  Wallon citado por Clark (2000), diz que a imaginação é indispensável ao psicólogo, ao matemático, ao físico, ou seja, quem não imagina nada descobre.

Segundo Jung citado por Clark (2000), a imaginação é um processo pelo qual o ser humano interage com os seus semelhantes e com o meio em que vive, sem perder a sua identidade existencial. A imaginação começa com a captação dos sentidos e em seguida ocorre a percepção. É portanto, um processo de pensamento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já está registrado na nossa memória. Por outro lado, Aristóteles citado por Clark (2000), defende que o pensamento procede da imaginação.

Após a imaginação, como acontece quando nos distanciamos daquilo que estávamos a ver, uma imagem deve permanecer na mente sobre o qual construímos um pensamento mais avançado. Para Clark (2000), a imaginação é o processo de pensamento que evoca o uso dos sentidos: visão, audição, olfacto, gustação, o sentido do movimento, posição e toque. É o mecanismo não-verbal e não-lógico de comunicação entre a percepção, a emoção e a mudança corporal.

Freud citado por Clark (2000), defende que a criatividade está relacionada com imaginação, que estaria presente nas brincadeiras e nos jogos da infância. A criança produz um mundo imaginário, com o qual interage rearranjando os componentes desse mundo de novas maneiras. Da mesma forma, o indivíduo criativo na vida adulta comporta-se de maneira semelhante, fantasiando sobre um mundo imaginário, que, porém, discrimina da realidade.


2.5.         Tipos de imaginação
Muitos autores defendem a existência de três maneiras que os indivíduos usam para imaginar. Imaginação dirigida é imaginação consciente. Para o sábio, imaginar é ver. A imaginação consciente é o meio translúcido que reflete o firmamento, os mistérios da vida e da morte, o ser, o real; imaginação mecânica é formada pelos resíduos da memória; é a fantasia.
É óbvio que as pessoas, com sua fantasia, com sua imaginação mecânica, não vêem a si próprias como realmente são, mas sim de acordo com sua forma de fantasia; e imaginação produtiva, é entendida como um poder activo espontâneo, um processo que se inicia por si mesmo, através de um poder sintético que combina os dados puramente sensoriais com apreensão puramente intelectual.  Ela é essencialmente vital, não somente é fonte da arte, mas o poder e o agente de toda a percepção humana. Uma maneira de estabelecer uma relação com o mundo  (Clark, 2000).

2.6.         Importância de Jogos no Desenvolvimento da Imaginação

Segundo Piaget citado por Pocinho (2007), o jogo simbólico é a representação corporal da imaginação, e apesar da imaginação predominar a fantasia, a actividade psico-motora exercida acaba por prender a criança à realidade. Na sua imaginação ela pode modificar sua vontade, usando o faz de conta, mas quando expressa corporalmente as actividades, ela precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real.

Piaget citado por Ariel (1996), defende que um dos objectivos do jogo é criar um contexto favorável ao desenvolvimento da imaginação. A necessidade de inventar regras leva as crianças a mobilizar conhecimentos, analisar diferentes possibilidades, selecionar as melhores idéias, e reflectir através da imaginação. Os jogos, além de enriquecer o quotidiano com actividades divertidas, deverá provocar uma melhoria dos resultados na construção de imaginação forte e consequentemento um pensamento brilhante.

Por outro lado, Vigotsky citado por Ariel (1996),  detecta no jogo outro elemento a que atribui grande importância: o papel da imaginação que coloca em estreita relação com a actividade criadora. Vigotsky, defende que não é o caráter de espontaneidade do jogo que o torna uma actividade importante para o desenvolvimento da criança, mas sim, o exercício no plano da imaginação da capacidade de planear, imaginar situações diversas, representar papéis e situações do quotidiano, bem como, o caráter social das situações.

A actuação nesse mundo imaginário cria uma Zona de Desenvolvimento Proximal formada por conceitos ou processos em desenvolvimento. O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações da própria criança.


2.7.         Relação do Pensamento com outros Processos Cognitivos

Todos os processos cognitivos estão em extreita ligação um com o outro, por exemplo, o pensamento é fundamental no processo de aprendizagem, é construto e construtivo do conhecimento e da inteligência. É impossível inventar ou até mesmo compreender fórmulas e teorias sem imaginação. A a criança deve reforçar a sua imaginação para criar e, através da criatividade, desenvolver o seu pensamento.

O pensamento e a imaginação não se constroem uma pela outra, deve-se auxiliar a criança a manipular essa a imaginação com mais habilidade. Uma criança sem imaginação será mais tarde um adulto intelectualmente pobre. Além disso, o pensamento também está relacionado com a intuição, sessnção e sentimentos, onde o sentimento é um factor consciente enquanto a intuição e sessanção são factores incosncientes (Ariel, 1996).

Apesar de Watson ter defendido que quando alguém se mantem em silêncio, embora imagine cantando uma canção ou lendo um texto, nenhum processo do pensamento se envolve, essa ideia já foi ultrapassada na medida em que hoje se acredita que há uma fusão entre o pensamento e a linguagem, tanto nos adultos como nas crianças, enquanto imaginamos, também estamos pensando.
Vygotsky citado por Gomma (1998), defende que o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, pelos instrumentos linguísticos do pensamento e pela experiência sócio-cultural da criança. E, na mesma linhagem, Piaget afirma que a linguagem possibilita a criança narrar um objecto ou acontecimento ausente, anteririmente percebido. Esses dados faz com que se conclua que o desenvolvimento do pensamento está intimamento com a aquisição da ligunagem, não interessando da maneira como isso é abordado pelos autores.

3.     ANÁLISE E DISCUSSÃO-REFLEXIVA DO TEMA
Com base na informação colhida, percebe-se que  a cognição é o conjunto dos processos mentais, no qual se insere o pensamento, a percepção, a  atenção, a memória, a aprendizagem, os sonhos, a inteligência, a linguagem, ect. De uma maneira mais simples, pode-se dizer que cognição é a forma como o indivíduo percebe, aprende, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos (Nascimento, 2009).
Visões filosóficas defendem que o pensamento e a imaginação fazem com que o homem tenha um princípio superior relativamente à pessoas comuns. Quando imaginamos ser o que não somos, ou seja, cultivar pensamentos irreais, acabamos por nos deformar completamente, pois o sistema nervoso não sabe distinguir a diferença entre a imaginação e pensamento.
A imaginação e o pensamento sempre têm uma relaçcão quer positiva ou negativa, no sentido em o ser humano imagina-se como pensa, pensa como sente e sente como deseja. Desta regra, deduz-se que, para pensar bem, devemos ter bons desejos e bons sentimentos e sobre tudo boas imaginações. Essa tese é também defendida por Jung, o autor afirma que além do pensamento, existem mais quatro funções da consciência que servem de canal para a consciência relacionar-se com o mundo: imaginação, intuição, sensação e sentimento. Junto a essas funções, temos o símbolo como uma linguagem polifônica e polissêmica que abarca todos os níveis possíveis de comunicação da psique e nos remete a uma experiência total do sentido. Vêm-se que todos autores comungam a ideia de que oprocesso cognitivos estão interligados entre si.
Portanto, o pensamento não se reflete na palavra; mas sim manifesta-se nela, a medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra pessoa. Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afectos e emoções. Tudo isso vai reflectir imensamente na nossa linguagem e no nosso pensamento como defende (Vigotsky, 1998 citado por Nascimento, (2009).
Com visão de Pascal, o pensamento é a própria essência do homem; o homem é o animal mais frágil, mas é o mais digno porque pensa; e o pensamento eleva o homem sobre o universo. Além disso, o entendimento também está ligado aos modos de raciocinar e aos diferentes princípios pré-existentes. Associado à essa tese, Piaget, defende que o pensamento é consciente, isto é, prossegue objectivos presentes no espírito de quem pensa, É inteligente, isto é, encontra-se adaptado a realidade e esforça-se por influenciá-la.
O pensamento é também social. À medida que se desenvolve vai sendo progressivamente influenciado pelas leis da experiência. Porém, na tenra idade, a criança apresenta um pensamento egocêntrico (pensamento autístico), é individualista e obedece a um conjunto de leis especiais que lhe são próprias. O pensamento se constrói com a representação da realidade, todavia, nem toda forma de capitar a realidade pode ser considerada um pensamento lógico. Enquanto que a imaginação, é a faculdade mental de ordenar imagens que imitam os factos da natureza. Nesse caso é realizado um processo de compreensão visto que a imaginação direciona-se a natureza como faz o pensamento.
Fazendo um cruzamento das teorias nota-se que a imaginação sustenta o pensamento, visto que imaginar é criar um pensamento. A imaginação é a vontade do íntimo actuando através do pensamento. A imaginação em si, atuando sozinha, não resolve problemas ou produz novos insights, mas é uma condição necessária para a criatividade, pois é a capacidade do indivíduo para conceber possibilidades interessantes que o ajudam a criar idéias que nunca antes haviam sido pensadas. A imaginação é essencial para promover o pensamento crítico e com ele novas possibilidades teóricas.
Para que a imaginação resulte em criatividade é preciso que essa seja necessariamente combinada com o pensamento, isto é, não adianta ter uma imaginação profunda se não tivermos conhecimento do assunto o qual estamos tratando. A imaginação é algo totalmente diferente da realidade, ela cria situações não necessariamente reais ou existentes. Por exemplo, quando estamos nos vendo como vencedores da loteria, com muito dinheiro, numa casa de luxo, ficamos a imaginar como seria nossa vida se essa situação se concretizasse. Antes de algo vir a ter existência no mundo real, esse algo já está presente na nossa vida interior, na forma de imaginação.

Fazendo um cruzamento entre as várias teorias percebe-se que a construção do pensamento centra-se na imaginação.  A teoria Gestaltista, afirma que o pensamento jamais se constitui pela associação de elementos ou dados em isolados, mas sim constroe-se a partir de uma organização e estruturação mental do todo. Assim, o pensamento não é a soma das sensações, mas sim um entendimento da totalidade do que é vivido. Para Gestalt, a imaginação é regida em todos os níveis por um campo, cujos elementos são interdependentes pelo mesmo facto de serem percebidos em conjunto através do pensamento.  
Os indivíduos passam por algumas situações desde que se nasce, e a imaginação ocupa um lugar muito importante nos primeiros anos da vida. Através de brincadeiras criativas com plasticina, construções e barro. A criança manipula directamente os materiais e faz árvores, casas, pontes, etc. Com jogos usando objectos mais simples da casa, procura-se fabricar brinquedos com caixas de sapatos, pedras, pedaços de madeira, miolo de pão, etc. Assim permite a criança  interpretar e desenvolver  a sua  imaginação de uma forma sólida e eficaz.


4.     CONCLUSÃO
Como conclusão, pode-se afirmar que o pensamento não coincide de forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai além, porque capta as relações entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a gramática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do pensamento, às vezes é preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um discurso.
Uma contribuição importante de Vygotsky é o facto de que, por volta dos dois anos, o pensamento e a linguagem se fundem, criando uma nova forma de comportamento. Este momento, quando a linguagem começa a servir o o pensamentos começam a oralizar-se. É algo feito de idéias, que muitas vezes nem conseguimos verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para achar as palavras certas para exprimir um pensamento.
Por um lado, Piaget, defende que o pensamento é consciente, isto é, prossegue objectivos presentes no espírito de quem pensa, É inteligente, isto é, encontra-se adaptado a realidade e esforça-se por influenciá-la. Piaget adverte que o pensamento também é social. À medida que se desenvolve vai sendo progressivamente influenciado pelas leis da experiência. Porém, na tenra idade, a criança apresenta um pensamento egocêntrico e individualista e obedece a um conjunto de leis especiais que lhe são próprias.
Piaget alega que os jogos, além de enriquecer o quotidiano da criança com actividades divertidas, provoca uma melhoria dos resultados na construção de uma imaginação forte: com uma imaginação forte, a criança vai desenvolvendo o seu pensamento. Assim sendo, O pensamento se constrói com a representação da realidade, todavia, nem toda forma de capitar a realidade pode ser considerada um pensamento lógico.
A visão defendida por Piaget é que é a mais aceite: o pensamento é anterior à linguagem, ainda também que se concorde com Vigotsky ao dizer dizer que o pensamento e a linguagem são processos interdependentes. Podemos concluir com a tese defendida por Pascal que alega que: o pensamento é a própria essência do homem; o homem é ser mais digno porque pensa; e o pensamento eleva o homem sobre o universo. O pensamento tem suas bases na imaginação.

5.     REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ariel, L. S. (1996). A formação social da mente em Vigotsky e Piaget. Rio de Janeiro: Martins Fontes
Clark, G. H. (2000).  Imaginação: estudos psicológicos, uma visão cognitivista. Disponível em: http:/www.monergismo.com/textos/apologenetica/imaginação.pdf, Acesso aos 21/04/2011, às 14hrs
Gomma, T. I. (1998). Pensamento e Linguagem: uma visão cognitivista. Rio de Janeiro: Martins Fontes
Machado, F. R. (2009). O Pensamento Sistêmico em Psicologia. 4ªEdição,  ISSN 1981-7371. Brasil: Maceió-Alagoas
Nascimento, R. O. (2009). Processos cognitivos como elementos fundamentais para uma educação crítica: Ciências & Cognição. Vol 14 (1). ISSN 1806-5821. Brasil: Minas Gerais. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v14n1/v14n1a18.pdf, Acesso aos 21/04/2011, às 13hrs06min.
Pocinho, M. M. F. D. D. (2007). Prevenção da iliteracia: processos cognitivos implicados na lectura. Portugal: Universidade da Madeira. Disponível em: http://www.rieoei.org/deloslectores/1895Pocinho.pdf,  Acesso aos 21/04/2011, às 13hrs30min.